sexta-feira, 4 de abril de 2008

O dia do arremesso

Samuel Guimarães e Garcia


O desenho animado “Família Dinossauro” pareceu inspirar a prática de tolices em vida real. “O dia do arremesso” (quando Dino (o pai) tenta lançar a odiada sogra (Vovó Zilda) no poço de piche) parece servir de roteiro ao quadro de terror imposto a Isabella: foi retirada de sua cama e lançada do sexto andar. Caiu no meio do jardim. No meio de um jardim sem flores.

Pena que um sorriso de candura tenha ficado famoso depois de sua morte – e por motivo de tragédia.


Quem não via razão para Isabella viver? Era chegada sua hora?


Seriam o pai e a madrasta tão covardes e dissimulados?


Ficamos sem palavras diante da notícia. Sem respostas.

Respiramos.

Será isso mesmo? Deve haver um engano...

Não eram os dinossauros quem atiravam para a morte seus desafetos?

Essa humanidade, que se codinomeou “contemporânea”, é mestra em gerar monstros. Blá-blá-blá.


Cafonice acreditar que a “era dos dinossauros” acabou. Está no apogeu. Os bichos furiosos, traiçoeiros e nervosos de milhões de anos renascem a cada dia. É a nova geração das feras indomáveis, ilógicas e dementes.

Ainda que a polícia averiguasse não terem sido o pai e a madrasta os assassinos, algum outro ser-humano-monstro o fizera. E não há desculpa. Nem perdão.

O Leviatã, de Thomas Hobbies, está mais atual que nunca. O homem é o lobo do homem.

Engolem-se.

Vigiam-se.

Matam-se.

Por que se odeiam tanto?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A sujeira que cobre as notícias




Flávia Lélis
Aluna do 8° período de Jornalismo da PUC Minas

Segundo algumas definições de notícia, sempre há alguém por traz tentando esconder o fato a ser noticiado. Talvez por isto, o trabalho do jornalista é discreto, não está escancarado na sociedade, pelo menos não, na maioria delas.

Em alguns casos, a vida particular de determinadas pessoas é a notícia. E em uma situação normal, ninguém tem que esconder a sua vida, simplesmente a vive normalmente: levanta de manhã, vai para o trabalho, sai com os amigos, tem seus problemas... e é só isso. Em uma cidade conhecida pela sua produção voltada para o entretenimento e conseqüentemente habitada por artistas de todos os tipos, e por jornalistas e paparazzis loucos por uma boa história, é impossível que alguém consiga esconder sua própria vida, ou a notícia em si. E também, quem ali quer se esconder da imprensa?

Esta é Los Angeles e este é o cenário da série Dirt, que estreou em março no Brasil no canal People +Arts.

Porém, quem é um pouco mais esperto, já teve acesso a toda primeira temporada da série pela da Internet, que estreou no ano passado nos Estados Unidos. Quem baixou pôde ver retratado toda a industria da mídia de celebridades sob a ótica de uma editora de uma importante revista de fofocas e de seu amigo, um paparazzi esquizofrênico.

Acompanhar a série, e ao mesmo tempo ser estudante de jornalismo, é uma briga boa para os neurônios.

Ao comandar sua revista, a DirtNow, Lucy Spiller (Courteney Cox) possui uma ética particular. Em um determinado momento ela diz: “Imprima a verdade!”, esta frase até emociona esta quase jornalista que ainda não caiu na sujeira do furo jornalístico.

Bom, imprimir a verdade ela imprime, e teoricamente, todo jornalista aprende a publicar a realidade comprovada por meio de pesquisa e fontes. Ah... As fontes... Estas para Lucy Spiller têm um grande valor. A maneira que ela conquista suas minas de informações e conseqüentemente sua capa da semana (que necessariamente tem vender mais do que água no deserto) é assustador: Dinheiro, troca de favores, chantagem, humilhação, mentira... Enfim, todo tipo de sujeira já prometida no título da série, em favor da verdade (e de uma bela capa).

E aí você pensa: “Mas isso é uma série sobre uma revista de fofoca! Não representa o jornalismo de verdade”. A série é sobre jornalismo, porém um jornalismo em que a notícia acontece a cada vez que um indivíduo atravessa a rua, e que meio mundo quer saber com quem ele atravessou a rua e com que roupa ele atravessou a rua. Isso faz com que as rotinas produtivas do jornalismo sejam vistas com uma lupa, que mostra todas as técnicas que se tem que fazer para conseguir uma fonte, uma informação exclusiva.

O que dizer de não se publicar informações negativas daquela pessoa, porque ela representa muito investimento para a publicação. Ou fazer “amizades” a fim de conseguir aquele furo mais rapidamente. Publicar uma noticia sem apurar, somente no afã de ser o primeiro. Sem contar as coisas que uma quase jornalista não sabe e ainda não viu.

Pois é, qual a diferença? Isto não é sujo, não é Dirt também?


Trailer da Primeira temporada




Trailer da segunda temporada que estreou em março nos Estados Unidos