sexta-feira, 22 de agosto de 2008

LIÇÕES MADE IN CHINA

Samuel Guimarães
É bom que o mundo pare, de vez em quando, para viver boas emoções. Francamente, problemas existem de sobra. Cansativo repetir que a água e o ar estão cada vez mais poluídos, geleiras, derretidas, crianças, famintas e países, em guerra. Isso sempre existiu. E não será o espírito eufórico de Pequim o salvador do planeta.

A despeito da maravilhosa abertura da XXIX edição dos Jogos Olímpicos, muita coisa ruim já “vazou” do controle da censura chinesa. Nada é tão belo quanto as sincronizadíssimas piruetas dos 14 mil bailarinos em pista. As luzes, as mais coloridas possíveis, tecnologias de ponta, ensaio por 13 meses ininterruptos – tudo sob o olhar furioso da mão do Governo. A China queimou-se várias vezes – apesar de ter escolhido a simbologia da data 08/08/08 para dar sorte.

Nada mais bonito que o mundo se unir em torno de uma tocha e ali depositar a confiança no futuro de paz e saúde. Mas quando um chinês se suicida, após assassinar um norte-americano dentro do espetacular Cubo D´Água, naquele instante há o desmoronamento do estádio mais caro do mundo. Desrespeito entre raças, etnias, cores ou crenças. Xenofobia. Inaceitável.

Quando os chineses escolhem uma criança mais bonita para aparecer ao mundo – em vez da “feinha” que tem voz encantadora – o que eles fazem é aumentar o preconceito contra si. Apesar de tentar disfarçar, sentem vergonha de seus olhos puxados, da pele amarela e dos cabelos escorridos pretos? Criaram ranço etnológico. Como na ditadura, perdeu-se o humano...

Império cercado por uma Muralha da China, síndrome do gigante adormecido. Bilhões – talvez 80! – de dólares despendidos, para não dizer desperdiçados! Fracassaram diante do espírito olímpico que os gregos inventaram. Que houvessem estereotipado bem menos a vontade de serem grandes, os maiores. Olhe! Muito chinês passa fome...

O quadro de medalhas, até agora, é leitura quase fiel de como vai a economia das nações. China – a que mais cresce, em primeiro, seguida de Estados Unidos e Inglaterra. E onde fica o Brasil? Foge à regra. Deu vexame demais.

Um país do tamanho que é, com as reservas energéticas que tem e o potencial humano a regar o mundo com cérebros férteis: eis o resumo de nossa nação, detentora de duas medalha de ouro, até agora. Grosso modo, pois poderemos ganhar mais uma. Se bem que depois da derrota para Argentina, no futebol, perdemos o grande título. Criaram a expectativa e não corresponderam. Bilhões investidos em nada. O presente para nossos jogadores ilustres deveria ser um livro. Ler faz falta.

A Educação formal brasileira (em creches, escolas, colégios, faculdades, universidades, MBA´s, não importa onde...) anda bem deficiente no repasse da Moral e Cívica. Valores e sentimentos de nação, amor à Bandeira, ao Hino. Você sabe cantar o seu? Os atletas, em maioria absoluta, nem tentam. E o Esporte, de lado, abandonado a ricos e sortudos.

Atletas são pessoas que se dedicam, arduamente, a vencer. No limite da física, da química ou da biologia, lá é onde se encontram. E para ser bom, é preciso muito estudo, técnica, alimentação, sono, apoio familiar e governamental. Não que uma medalha de ouro em Natação ou no Salto em Distância nos confira degrau para o primeiro mundo. Mas, certamente, deixa-nos um pouco mais distantes da miséria do quarto.

Se os brasileiros tivessem amor-próprio, seriam gigantescos em números e ações. Seríamos a nação do hoje. Não devemos esperar. Novas eleições: cada um dos próximos quatro anos pode melhorar ou piorar de vez a situação de sua cidade. Pense com carinho. Esqueça o jeitinho. Faça valer a regra dos atletas: mire o futuro, deseje a medalha de ouro e queira ser o primeiro a quebrar recordes.

***Em “Sete de Setembro”, Dia da Pátria, todas as cidades brasileiras deveriam se tingir de verde e amarelo. Dia de desfile e manifestações de civismo, que deveriam se repetir, espontaneamente. Em sala de aula, a aproximação da data histórica gera oportunidades valiosas não apenas para o ensino desse recorte de tempo - o sete de setembro de 1822, quando Dom Pedro proclamou a independência do Brasil em relação a Portugal - mas também para reflexão sobre cidadania e participação política. O que nossa cidade está preparando para a data? Prefeitura, escolas, empresas, cidadãos?

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